Curativos bem feitos podem prevenir complicações

IMG 9517Enfermeira especialista é responsável pelo estudo e tratamento de feridas no Hospital de Matão.

O cuidado de feridas que não cicatrizam exige atenção redobrada tanto de uma equipe especializada no tratamento, quanto no trato domiciliar. Pensando na melhor forma de cicatrização, a enfermeira pós graduada em estomaterapia, Mayra Trovó, acredita que o profissional capaz de identificar e indicar o melhor tratamento para o ferimento, proporcionará melhor qualidade de vida ao paciente.

“A estomaterapia é uma área de especialização em enfermagem, responsável pelo estudo e tratamento de feridas agudas e crônicas. A ciência existe nos Estados Unidos desde a década de 1980 e chegou ao Brasil dez anos depois, na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo”, conta a enfermeira que coordena a Unidade Terapia Intensiva do Hospital ‘Carlos Fernando Malzoni’.

Pós graduada na área, a especialista explica que o papel do enfermeiro na reabilitação dos pacientes com feridas graves é essencial. “A estomaterapia é uma área da saúde responsável por prevenir a perda da integridade da pele, realizar tratamento avançado de pessoas com feridas sejam elas agudas ou crônicas e reabilitar as pessoas que possuem essas complicações, além de incontinências sejam elas urinárias ou anais, e realizar cuidados com fístulas, cateteres, drenos e tubos. É uma especialidade exclusiva do enfermeiro, cujo papel é assistencial, gerencial, de ensino e pesquisa” comenta.

Uma ciência versátil prevê que o profissional tenha diversas áreas de atuação, o que reflete na infinidade de casos que podem oferecer risco ao paciente. “A manutenção da integridade da pele é um processo complexo e sem os cuidados e o tratamento apropriado, as lesões causadas por agentes mecânicos, químicos, biológicos, vasculares e alérgicos podem levar a consequências que colocam em risco a vida do paciente”, explica Mayra, que ainda completa. “A maioria das recomendações para avaliação da pele e as medidas preventivas podem ser utilizadas tanto para a prevenção de úlcera por pressão como para quaisquer outras lesões”, lembra.

Para promover a melhoria do paciente, a autonomia do enfermeiro é essencial. “A autonomia como profissional, o respeito dos clientes e a satisfação em poder exercer a enfermagem com excelência, sem interferências externas, é uma conquista que não tem preço.”, comenta.

Cuidados com as feridas

Classificadas de várias formas, as feridas podem ser originadas de fatores ligados a doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, ou fatores externos como perfurações, cortes, incisões cirúrgicas ou queimaduras. Dessa forma, o tratamento requer cuidado e orientação de um profissional. “O manejo da umidade da pele, é fator importante para prevenção de lesões, pois a pele úmida é mais vulnerável, propícia ao desenvolvimento de lesões cutâneas e tende a se romper mais facilmente. A pele deve ser limpa, sempre que apresentar sujidade e em intervalos regulares”, recomenda Mayra.

Atuando na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital, a enfermeira orienta sobre a ocorrência de úlceras por pressão. “As lesões mais comuns em pacientes acamados, causam dano considerável aos pacientes, dificultando o processo de recuperação funcional, frequentemente causando dor e levando ao desenvolvimento de infecções graves”, afirma a profissional que recomenda que estes pacientes sejam mudados de posição regularmente. “Todos os esforços devem ser feitos para redistribuir a pressão sobre a pele, seja pelo reposicionamento a cada duas ou três horas ou pela utilização de superfícies de redistribuição de pressão. O reposicionamento alivia a pressão, reduzindo o risco de desenvolvimento da ferida. Travesseiros e coxins são materiais facilmente disponíveis e que podem ser utilizados para auxiliar a redistribuição da pressão”, completa.

Há um número de grande de materiais próprios para realizar curativos, por isso, a enfermeira orienta a procurar o que mais se adeque ao caso do paciente. “o objetivo principal é escolher uma substância ou produto que se aplique sobre a ferida, formando uma barreira física com capacidade de cobrir e proteger. O produto ideal é que aquele que faz o papel da pele, protegendo e agindo como barreira de infeções”, diz Mayra que ainda acrescenta, “a estomaterapia é um complemento ao atendimento médico que cuida da causa precursora da lesão na pele. Com a recomendação de um enfermeiro, é possível utilizar produtos que já estão na casa do paciente, como pomadas, placas e cremes; portanto é importante a orientação médica e, posteriormente do estomaterapeuta tanto em consulta quanto em domicílio”, conclui.